Provérbios Provados noutras casas:

terça-feira, 11 de novembro de 2025

Provérbio provado rimado - MDXCI

Quando o despertador tocou
Levantou-se de pronto aflita 
Nem sequer um banho tomou 
Limitou-se a usar toalhita 

No relato do seu despertar 
Os pés acordaram de fora 
Mas lá teve de se despachar 
Pois estava em cima da hora 

Depois o carro não pegava 
E a oficina estava fechada 
A pé tão cedo não chegava 
Era certo entrar atrasada 

Com início tão conturbado 
O resto do dia prometia 
Na cama devia ter ficado 
Mas o salário não ganharia 

Ao ver que não tinha almoço 
Foi a gota de água prá Anita 
Instalou-se grande alvoroço 
Porque se passou da marmita 



Provérbio provado rimado - MDXC

Faz parte de toda a rotina 
Uma ideia de repetição 
Contudo a mais louca sina 
Progride com a criação 

E sempre que nasce um dia 
Surge nova oportunidade 
Contanto se largue a mania 
De dar nome à realidade 

Ao achar que tudo é um bis 
A surpresa é logo anulada 
Corrompe qualquer aprendiz 
Que só vê a vida estagnada 

Apesar de querer progredir 
É como uma ave sem asas 
Quase tende até a desistir 
Se a vida lhe corta as vazas 


Provérbio provado rimado - MDLXXXIX


Se existe alguém que só fala 
Sem pausas e nunca se cala 
Vai por vários temas saltando 
Sem uma resposta esperando 

É um grande fala-barato 
Tem assuntos ao desbarato 
O pior é que exige atenção 
E na testa concentração 

Pois debita os seus pensamentos 
Numa compulsão de momentos 
Com as ideias tão aceleradas 
E as sinapses desorganizadas 

Faz comentários descabidos 
Que são sempre mal recebidos 
E só sabe dizer disparates 
Tolices asneiras dislates 

Não consegue calar o bico 
E é capaz de deixar num fanico 
Quem se vê sujeito à soltura 
De ideias a qualquer altura 


Provérbio provado rimado - MDLXXXVIII

Ela é uma senhora castiça 
Que atinjiu a meia idade 
Mas não é todavia postiça 
E assume a sua identidade 

Que a cabeleireira grisalha 
Não iluda os mais desatentos 
Pois ela é jovial e se calha 
Sabe esgrimir argumentos 

Fresca e fofa todos os dias 
Não põe o pé nas argolas 
É capaz de dar arritmias 
Ainda rompe meias solas 


Provérbio provado rimado - MDLXXXVII

Achas-te um tipo sortudo 
Convicto de que sabe tudo 
Mas assim não vais aprender 
Enquanto a crista não descer 

A vida há-de pôr-te à prova 
Trazendo atribulação nova 
Depois de cada uma passar 
A firmeza irá regressar 

Mas o teu impasse persiste 
Pois a tua arrogância resiste 
E já mais descansado então 
Vai-se o perigo volta a presunção 




Provérbio provado por atacado

Sabei que não enfio a carapuça por dá cá aquela palha: não é assim com duas cantigas que me passam a perna. É precisamente quando pensam que estou com a cabeça nas nuvens que sou capaz de uma solução num abrir e fechar de olhos.
 Não fico muito tempo a criar raízes no fundo do poço: dou logo corda aos sapatos e ponho-me na alheta. 
Também não tenho vergonha de mudar da água para o vinho se a agulha virar. E se for para andar à procura dela no palheiro, dai-me paciência e um paninho para a embrulhar que lá me vou aguentando nas canetas.
Quando percebo que me querem vender gato por lebre e atirar areia para os olhos com histórias da Carochinha, abro a pestana e não conseguem levar a sua avante: é que aos burros dá-se palha, não se dá conversa. 
Deixai-os pousar que eu já comi muito milho por debaixo do espantalho, ando há muitos anos a virar frangos, essa é que é essa! 
Às vezes, sou uma pessoa um bocado teimosa: faço finca-pé e, sem virar o bico ao prego, não arrepio caminho. Se depois bater com os cornos na parede, lá terei de me desemerdar: é a vidinha. Elas não matam, mas moem.
Como vêdes, gosto de chamar os bois pelos nomes, dar com a língua nos dentes e pôr os pontos nos is: não sou de levar desaforos para casa. Digo tudo tal e qual os malucos e posso ser bruta como as casas, mesmo sabendo que pela boca morre o peixe. Abro sempre o jogo e, se preciso for, também sou capaz de abrir os olhos de quem prefere fazer-se de morto ou está, simplesmente, a pensar na morte da bezerra.
Por isso, tropa fandanga, podeis sacar o cavalinho da chuva se pensais em tirar-me o tapete: antes quebrar que torcer, sabíeis? Descansai que não vou arrancar cabelos ou misturar alhos com bugalhos. Ainda assim, é melhor trocar os pés pelas mãos do que ficar a vida toda a ver passar os comboios para no fim ficar 


- A ver navios 

 

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Provérbio provado rimado - MDLXXXVI

Conheci há pouco a fulana 
E parecia tão encantadora 
Mas anda a ver se me engana 
Porque é muito controladora 

Tal barrete eu não enfiei 
Pois queria influenciar -me 
Então foi assim que a topei 
Pressionando cheia de charme 

Entretanto não sei que faça 
Se eu finja que nem percebi 
Ou se denuncie a trapaça 
Que ela pensa que eu engoli 

Avisei que era inteligente 
Mas não adianta estar fula 
Deve ter-lhe sido indiferente 
Só que ela não me manipula

Não pára de me arreliar 
Não tem vergonha na fuça 
Enquanto continuo a ignorar 
Não me enfia essa carapuça 


Provérbio provado rimado - MDLXXXV

Faz favor com licença desculpe 
É o que a educação esculpe 
Mas que não traz nada de novo 
Aos brandos costumes do povo 

Que a gente é tão acomodada 
Não levanta nenhuma amurada 
E aceita tudo como convém 
De quem dela só sente desdém 

Vai sempre dourar o retrato 
Assim como refere o contrato 
E nos seus dias de pica boi 
Mente tanto ao contar como foi 

Não relata o grau de chulice 
Nem sequer o tipo de burrice 
Em que forçosamente repara 
Pois sempre com tal se depara 

Mourejando de forma cegueta 
Chega a meio do mês sem cheta 
Mas bem como um boi é picado 
Para render mais um bocado 


Provérbio provado rimado - MDLXXXIV

A prisão de ventre é lixada 
Um dia vai dar em cagada 
Mas é de se evitar afinal 
Que dê em diarreia mental 


quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Provérbio provado rimado - MDLXXXIII

A vida é a pergunta eterna 
Que com a cabeça contende
Vivem em união fraterna 
Já que perguntar não ofende 

Porque o que há mesmo a fazer 
É dar corda à imaginação 
Nessa dúvida toda viver 
Até ir dormir para o caixão 


sábado, 1 de novembro de 2025

Provérbio provado rimado - MDLXXXII

Também me senti excitada 

Com a nossa despedida 

Não era assim programada 

Porém foi bem recebida 


E perante essa surpresa 

Desfrutei muito do beijo 

Que fez subir com certeza 

O meu nível de desejo 


Sinto também de antemão 

Que tudo fará sentido 

Porque além da tesão 

Há muito pra ser vivido 


Tu no entanto não temas 

Que eu construa castelos 

Não vou trazer-te problemas 

Somente momentos belos 


Espero que gostes de ler 

Estes versinhos tão crus 

Que contam quanto prazer 

Terão nossos corpos nus 


E se me ponho a divagar 

Enquanto o corpo derrete 

É mais fácil assim delirar 

De facto a coisa promete 



Provérbio provado rimado - MDLXXXI

Os censos dão uma ideia 
De como procria a gente 
E parece acção em cadeia 
De um gene sempre diligente 

Gráficos a três dimensões 
Fazem curvas de natalidade 
E convém que tais proporções 
Desenhem bem a realidade 

Mas os números desconhecem 
Os preâmbulos dos nascimentos 
Dessa forma eles não formecem 
O calor que move os momentos 

São estáticos e são muito frios 
Os algarismos da demografia 
Não assegurando os desvios 
De alguém que só se alivia 

A estatística é rigorosa 
Mas pode falhar a equação 
Pois é na noite silenciosa 
Que aumenta a população


Provérbio provado rimado - MDLXXX

Alguém que gosta de bem-estar 
Tendo o ócio a acompanhar 
Junta a companhia à bebida 
É o melhor que leva da vida 

Só que não vivendo em casal 
Não dispõe de um par oficial 
E terá de sacar companhia 
De mulher que não seja arredia 

E que disposta a entretê-lo
Não lhe chegue a roupa ao pêlo 
E que os desejos lhe satisfaça 
Mesmo se a vontade for escassa 

Vai directo a um lupanar 
Para o sexo que tem de pagar 
Mas primeiro faz um intervalo 
Para poder molhar o gargalo 

Já no local e de copo vazio 
Pede vinho que esteja bem frio 
E assim putas e mais um verdinho 
Sabem pôr um homem mansinho 


Provérbio provado rimado - MDLXXIX

Aposto que nem tens noção 
Dessa que é a vulgar posição 
Em que prontamente te prestas 
A lidar com coisas funestas 

Como louco ou meio bobo 
Metes-te na boca do lobo 
E estás sempre a arranjar 
Mais lenha para te queimar 



Provérbio provado rimado - MDLXXVIII

Tu exibe alguma habilidade 
Para os entraves vencer 
Saberás ter a capacidade 
Dos teus objectivos obter 

Conforme a música tocar 
Assim deves abrir o ouvido 
E ao mesmo ritmo dançar 
Para não seres substituído 

Perante um caso complicado 
Tu não percas a compostura 
Pois terás de soar adaptado 
Demonstrar jogo de cintura 




Provérbio provado rimado - MDLXXVII

Não sei se um verso te faço 
Que saiba cantar meu desejo 
Às vezes só quero um abraço 
Mais do que um húmido beijo 

Entretanto se um beijo houver 
Consigas também ser meiguinho 
E que esse mimo possa parecer 
Um beijinho à passarinho 


Provérbio provado rimado - MDLXXVI

Não sejas mangas de alpaca 
Um ajudante da burocracia 
Ou vais dar muita barraca 
Ao balcão dessa secretaria 

Percebo que será frustrante 
Sempre iguais tarefas fazer 
Pois sentes-te insignificante 
E tão prestes a endoidecer 

Tu compensas esse desencanto 
Com excesso tremendo de zelo 
Evita que largues num pranto 
Quando sacas algo do prelo 

Na mencionada repartição 
Tu costumas ser apontado 
Por não oferecer solução 
A quem comparece atrasado 

E então só dás seguimento 
Se nas linhas certas assina 
Cada regra e procedimento 
Toda a tua cartilha domina 

Fechado e também impassível 
És como um detalhista à antiga 
Nunca consegues ser flexível 
Seu burocrata de uma figa 



quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Provérbio provado rimado - MDLXXV

És a rainha do boato 
Que entoas ao desbarato 
Pedindo ao interlocutor 
Que não seja teu delator 

Com grande mistério intentas 
A fé naquilo que inventas 
E ao construir cada enredo 
Tu rogas que fique em segredo 

Imploras grande discrição 
E vais repetindo essa acção 
Para cada rumor revelar 
A quem se disponha a escutar 

Por não conseguires ser discreta 
A questão já não é secreta 
E corre então em paralelo 
Tal segredo de polichinelo 




Provérbio provado rimado - MDLXXIV

Tu desejas protagonismo 
Por causa do teu narcisismo 
E não sentes qualquer empatia 
Por quem te faz companhia 

Sabes provocar tanta dor 
A quem está ao teu redor 
Mas não te crês responsável 
Por essa aflição evitável 

Manipulas a realidade 
Com imensa facilidade 
E os factos vais distorcer 
Quando isso te convier 

Os restantes intervenientes 
Até se sentem impotentes 
Chegando mesmo a duvidar 
Do seu modo de avaliar 

Usas um disfarce de charme 
Esperando que o povo desarme 
Em público és tão amistosa 
E em privado és impiedosa 

Tu projectas cada tua falha 
Por medo ou coisa que o valha 
Mas também por insegurança 
Punes quem te dá confiança 

Mais pareces não ter consciência 
Ou sequer um pingo de decência 
Já que tu nunca és a culpada 
Foste sempre influenciada 

Persegues toda a nova presa 
Que ao reagir com surpresa 
Logo é excluída muito à toa 
Cuidando que é má pessoa 

És tão hábil a assim descartar 
Quem não te andar a adular
Vais embora sem qualquer aviso 
Considerando que não é preciso 

E para além da manipulação 
Também tens a forte obsessão 
Do controlo sem descaramento 
Como se sempre teu o momento 

Ser muito perfeita simulas 
Enquanto os outros anulas 
E agindo segundo o teu esquema 
Tu jamais serás o problema 

Esse modo de ser vergonhoso 
É um círculo tão vicioso 
E só quem não te conhecer 
É que te compra sem ver 








quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Provérbio provado rimado - MDLXXIII

Eu supus que te ias embora 
Bem mais tarde do que agora 
Quando um bom substituto 
Comprovasse algum atributo 

Mas antes do que era esperado 
Foste sem mais despachado 
Por causa de tanto enrolares 
E a minha vida empatares 

Tão fartinha de cada finta 
Eu dispensei-te com pinta 
E se não soasse o alarme 
Seguirias a enganar-me

Dito isto estarei disponível 
Para quem tornar acessível 
O caminho para o seu coração 
Sem entrar em contradição 

Do que sente não guarde segredo 
De se dar tenha nenhum medo 
Que seja assim de ti o oposto 
Depois de rei morto rei posto 

Esperando que o rei vindouro 
Surja então coberto de ouro 
O seguinte é sempre melhor 
Para desbaratar o amor